domingo, 23 de setembro de 2012

Uva-da-Serra

Uva-da-serra, Romania
Vaccinium cylindraceum J.E. Sm.

São poucos aqueles que sabem que nestas ilhas atlânticas existem mirtilos. Entre nós, são conhecidos por uva-da-serra ou, mais popularmente, romania. Este é um arbusto especial. Tendo cá chegado há milhares de anos, a sua história nestas terras, sujeito às intempéries e aos  dias de bom tempo açorianos, tornou-o único. É isto a que se chama uma espécie endémica: quando por um processo evolutivo, uma planta, ou animal se transforma numa nova espécie, diferente de todos os seus parentes mais próximos.

Ocorre acima dos 300 metros, associada a formações da laurissilva açoriana (sub-bosque), florestas cedro, matos macaronésicos e turfeiras florestadas.

Gosto particularmente da uva-da-serra, não só porque dá uns frutos maravilhosos, que todos os anos colho e transformo em compotas e geleias, mas também porque é uma planta verdadeiramente bonita e, claro, é açorianíssima.
 


Trata-se de uma das poucas plantas semi-caducas da flora açoriana. Quando o Outono se aproxima as suas folhas começam avermelhar, criando um matizado de cores magnífico, que se destaca no permanente verde da nossa floresta natural. Na Primavera enche-se de flores, com cachos cor-de-rosa a pender dos seus ramos e, claro, no fim do Verão cobre-se de frutos azuis-escuros.
 
Colhi-os há poucos dias, aquando da minha expedição de apanha de amoras e uvas-da-serra. Os arbustos estavam carregados de fruto e com algumas folhas já a mudar de cor. Eu sou suspeita quanto ao sentido estético das plantas, mas a minha amiga Eugénia virou-se para mim e disse: “São tão bonitos estes arbustos, gosto mesmo de os ver”. Por isso não sou só eu que gosto. Por vezes basta apenas um olhar mais atento para vermos nas plantas da nossa terra verdadeiros tesouros escondidos.

Ficha da espécie
Espécie
Vaccinium cylindraceum
Nome Comum
Uva-da-serra, Romania
Família
Ericaceae
Naturalidade
Indígena – Endémica dos Açores
Distribuição Açores
Flores
Corvo
Faial
Pico
S.  Jorge
Graciosa
S. Miguel
St. Maria
Colhida em:
Caldeira Guilherme Moniz
 

6 comentários:

  1. Vim dizer-te que a minha expedição à uva-da-serra foi muito positiva. Cheguei a casa com 250g de mirtilos açorianos. Não apanhei mais porque fazia frio e a pequenada começou a queixar-se. Mas foi um passeio muito bonito. A planta é lindíssima, especialmente nesta altura do ano com os matizados avermelhados.
    Como não tivemos coragem para seguir a pista do portão vermelho,por pensarmos tratar-se de propriedade privada e por não conhecermos os donos, fomos por uma estrada que há por cima do algar do carvão (não sei explicar melhor o sítio) e lá encontrámos o arbusto à beira da estrada.
    Tenho de voltar uma vez que esta quantidade não é suficiente para fazer compota.
    Estes vão ser mesmo comidos com uns pozinhos de açúcar.
    Vinha perguntar-te o nome ciêntífico e depois chego aqui e deparo-me com todas as respostas de que precisava.

    Um beijinho

    Aproveitei também para trazer plantinhas, mas não sei se resistirão à diferença de altitude. A ver vamos.

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    1. Olá Patrícia,
      Estava de facto curiosa da vossa expedição. Não sabia se a Nadine tinha levado os mirtílos todos com ela. Eu conheço o caminho que falas, mas onde te indiquei tem mais abundância de frutos, ou tinha, não sei agora. É uma propriedade privada, mas os donos deixam entrar, inclusive vão muitos caçadores para as pastagens mais dentro. Quanto a se dar cá em baixo, eu acho possivel o arbusto se desenvolver se tiver abundância de água, mas é improvável dar frutos, porque a planta precisa de frio para frutificar.

      Eu hoje fiz mini cheesecakes, com umas forminhas que herdei da minha avó, usando a compota e geleia de mirtílos...uma delícia.

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    2. Cismei que hei de fazer compota de uva-da serra, por isso antes do fim de semana ainda quero dar um pulinho à caldeira G.M. seguindo desta vez, e mais descansada depois da tua explicação de que não serei acusada de invasão de propriedade, as tuas coordenadas.
      Agoro fico à espera da receita dos mini-cheesecakes de mirtilo. Promete!
      Um beijinho

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  2. Olá Vinagreira, descobri o seu blog há uns dias e fiquei encantada.
    Gostei das receitas, dos bichos, e das coisas que dá a conhecer da ilha Terceira.
    Reconheço que sou terceirense e nem sabia que havia mirtilos cá!! Devia continuar o herbário, pois considero que é um projecto muito interessante.
    Parabéns pelo blogue.
    Andreia.

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    Respostas
    1. Obrigado Andreia pela visita. Tens razão tenho de continuar o projecto do herbário, tenho tantos projectos e por isso uns vão ficando atrás, a ver vamos de 2014 trás plantas novas. Bom ano e um abraço

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  3. Olá a todas,

    de forma a proteger a biodiversidade e o ambiente, não se deveria trazer plantinhas, porque é retirá-las do seu habitat natural. Contudo, se forem ao viveiro florestal de São Brás, eles OFERECEM estas plantas, assim como outras endémicas :)

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