domingo, 22 de julho de 2012

Pensar em circulo

O meu Mandala da parede da sala
Houve tempos em que as pessoas viviam e pensavam em circulo. O ritmo da vida seguia essa roda constante de princípios, meios, fins e recomeços. Onde tudo o que morría voltava a renascer e a recriar-se sempre de nova forma.  As pessoas dançavam em rodas, sentavam-se em círculos à volta de uma fogueira , as casas eram redondas, e assim tudo estruturava a vivência do eterno retorno, dos ciclos completos.

Houve um dia, contudo, em que acordamos, como quem acorda de um sonho, e a nossa vida redonda desaparecera. O mundo era um quadrado, formado por linhas rectas que não nos levavam a lado nenhum, porque só havía um princípio e um fim e nada que ligasse os dois. Nascía-se e morría-se, e depois disso era um lapso de vazio. Tudo deixou de ter retorno, tudo ficou disconexo.
Acho que os Mandalas surgiram na minha vida no momento que a minha alma já gritava por essa forma circular de pensar e viver, mas a minha consciência ainda não sabia disso.
Comecei a desenhá-los através da minha amiga Janete que me explicou o seu sentido (para não me perder, ver explicação no blog Colher de Mãe a esse respeito) e depois abandonou-me com um folha branca, um molhe de lápis de cor e com as palavras: desenha o teu Mandala.

 É difícil para quem tem uma desrelação com os lápis, de repente, ter de desenhar o seu Mandala. A medo dei esse primeiro passo difícil, e no meio da folha desenhei um centro. Quando dei por mim novas camadas sucessivas de ciclos perfeitos iam surgindo, umas atrás das outras, cada uma diferente, numa explosão de criação que parecia impossível ser minha, até chegar ao ponto em que senti : este é o meu Mandala. E inevitavelmente era  lindo, não havia como não o ser, porque nele estava contido o princípio básico da criação.
Esta fotografia é de um dos meus mandalas. Para este ganhei coragem e do papel branco passei para uma tela e pintei-o para o colocar numa das paredes da minha sala, na casa da Quinta da Vinagreira... é lindo, e é-o porque é inteiramente meu. Demorei a terminá-lo, mas agora está pendurado onde todos os que me visitam possam vê-lo. Os mandalas são assim, pedem a partilha.

 Para os que lerem hoje esta nota, desafio-vos a um papel branco, um molhe de lápis de cor e a arriscarem o vosso Mandala, arrisquem, por uns breves instantes, a pensar em círculo .

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Regresso a casa ...

Os dias têm-se passado longe da Quinta, por outras paragens, por outras ilhas e terras continentais.
 Regressamos, finalmente, após um mês de ausências. E é assim, só após a distância é que nos apercebemos do curso imparável da vida. Tudo parece diferente de quando partimos. O quintal dominado pela força da natureza. A Berra imparável, com pequenos corninhos a despontar, a saltar por todo o lado, em particular sobre o tecto da casa, parecendo um terramoto sob as nossas cabeças. A família dos gatos diminuída, com algumas partidas inesperadas, mas com os que cá ficaram à nossa espera cheios de  saudades. Os cães eufóricos com a chegada. A casa cheia de teias de aranha renovadas...

Berra no momento alto do dia a correr no tecto da casa

Um mês é muito tempo neste pequeno mundo. Parece que temos de reconstruir tudo de novo, ou pelo menos parte. Parece que a Quinta continuou sem esperar por nós e inevitavelmente perdemos, para todo o sempre, esse lapso de tempo entre a partida e a chegada...
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