terça-feira, 15 de setembro de 2015

A ilha

A ilha é um lugar estranho. Um lugar de emoções controversas. É um regresso a casa e ao mesmo tempo uma ausência de casa. Aqui volto a caminhos percorridos no passado, a uma nostalgia das coisas que já não são e a de outras que ainda são e eu já não sou. Esta é uma ilha negra, dura e selvagem. Obriga-nos a uma crueza interna de autenticidade.

Aqui vejo os meus pais nas suas vitórias e nas suas derrotas. Sinto o peso da vida vivida, o peso de rotinas e de velhas fórmulas que se esgotaram. Há também descobertas incríveis e inspiradoras de como reinventar cada dia, mesmo depois de 80 anos de quotidiano. Vejo as mãos da  minha mãe a amassar um bolo de milho, que será cozido na chapa de lenha. Encontro o meu pai, na sua cadeira de rodas, a fazer yoga em frente a um ecrã de computador.


Vejo os meus sobrinhos a crescer e a desbravarem as suas próprias floresta, preparando-se para serem versões diferentes do que qualquer um de nós se tornou.
E penso outra vez no Cerrado Terreiro, na nossa subida até lá há dias atrás.
Lá em cima respiro diferente. Sou, novamente, apenas eu e a ilha.
A história da nossa família está escrita nos sulcos daquele chão, nas raízes dos cedros e das faias velhas, na pequena casa de duas portas que se abre sobre a encosta, onde o horizonte deslumbra-se em infinitas possibilidades.
Lá em cima sonho em dar portas e janelas à pequena casa, mas talvez nunca o faça, para deixar sempre a imensidão do horizonte entrar em mim.


Como hoje o barco não partiu para estreitar as distâncias entre ilhas, permaneci mais um dia. Este deu-me vontade das palavras escritas. Contudo, o ser não se alimenta apenas de devaneios e sonhos. Quer matéria também, substância. Então deixo-vos com esta experiência de pão rústico feito com a minha mãe. Mais um pão de preguiçosos, daquelas que eu gosto. Esta não é uma receita tão prática como o meu pão em 5 minutos, contudo o resultado é um pão mais rústico e que dura mais tempo, sem dúvida para repetir.

I n g r e d i e n t e s
P r e p a r a ç ã o
- 3  chávenas de farinha de trigo;
- 1 2/2 chávena de água;
- 1/4 de colher chá de fermento para pão;
- 1 1/4 colher de chá de sal;
- 1 colher de chá de sal;
- 1Tacho de ferro com tampa ou de barro.


- Misturar os ingredientes secos. Adicione a água e misture bem com uma colher de pau ou mãos, até incorporar toda a farinha. A massa fica mais mole do que uma massa normal de pão;
- Cubra a tigela de deixe levedar de 12 a 18 horas à temperatura ambiente;
- Retire  massa bem enfarinhada dobre em envelope e deixe descansar mais 1 a 2 horas;
- Cerca 15 minutos antes do pão cozer, aqueça no forno o tacho com a tampa. Depois coloque folha papel vegetal e coloque a massa lá dentro. Feche o tacho coza no forno 30 minutos com o tacho fechado e mais 15 minutos com ele aberto. Nesta última fase tome atenção, pois depende da intensidade do forno. No fogão de lenha da minha mãe 5 minutos foram suficientes.
- Deixe arrefecer antes de partir e se deliciar. :)
- Bom Apetite -


2 comentários:

  1. Depois de visitar e ler tudo o que a minha norinha acaba de escrever no blogue fico sem mais argumentos para comentar digo no entanto que adorei e me emocionei tocou-me muito especialmente no que diz respeito aos pais muitos parabens beijinhos

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