terça-feira, 29 de outubro de 2013

Para aqueles que partem ...



Sento-me aqui no silêncio da casa. Ao meu lado dorme tranquilamente a Pilritinha. Esperamos ambas pelo momento da partida que está para breve.

Hoje de manhã saí de casa com ela, convencida de que uma ida ao veterinário resolveria o problema da sua fraqueza de há dois dias para cá. Previsão errada, diagnóstico mau, sugestão eutanásia. Chorei ali mesmo, enquanto o veterinário esperava o meu veredicto. Nesses escassos momentos de indecisão, cheirei a sala desinfectada, senti o frio da mesa onde ela repousava, ouvi ladrares de cães que queriam voltar para casa.

Peguei na minha Pilrita e trouxe-a de volta a casa. É claro que ela vai morrer aqui, tal qual como viveu. E não serei eu, na minha pretensão de dona que quer evitar  o sofrimento do seu animal, que vou determinar quando ela deve partir. Cabe a ela, não a mim. A mim cabe-me trazê-la de volta a casa, em vez de a abandonar no conforto camuflado de uma morte num consultório veterinário. Está aqui, confortável na sua cadeira, com os cheiros, os sons e as presenças de todos nós.

Desejamos-te uma boa viagem, minha linda e pequenina Pilritinha.

Alguns dias depois - Quando escrevi este post, há alguns dias atrás, a minha Pilrita partia, e partiu efectivamente. Comigo ali ao seu lado e tranquila. Aprendi com ela a deixar ir e a dar mais um passo na compreensão e aceitação da incompreensível morte. Este ano já partiram mais dois companheiros cá na quinta: A Patas e o Vispelúcia . Não lhes prestei homenagem na altura, porque a despedida foi mais dolorosa,  e por isso difícil de exorcizá-la com palavras. A Pilrita, a pequenina gata da quinta, deu-me este presente, um coração pacificado para os que vão sem retorno, e a gratidão por terem partilhado comigo as suas intensas vidas. Bem hajam a todos.



6 comentários:

  1. Também optei por acompanhar até ao fim o meu Quioto (gato). Partiu serenamente estando no meu colo.

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    1. É muito bom podermos acompanhar até ao fim, custa sempre a partida, mas vê-los ir tranquilos é, pelo menos para mim, uma lição de vida.

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  2. Depois de ler o post, vejo que foi um ano de partidas. Restam as memórias dos tempos inesquecíveis passados e a nostalgia deixada pelas fotografias que fixaram momentos. A transitoriedade da vida...
    beijinhos

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    1. Bem dizes tu, a transitoriedade da vida, como é difícil compreendermos que este é só um tempo de passagem, um empréstimo a curto prazo que há que aproveitá-lo ao máximo e sem tempo a perder. Li outro dia um ditado Zen que gostei muito dizia: Apressa-te devagar :). Bjinhos e Boa semana

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  3. Muita luz para a Pilritinha.

    Aqui também foi assim, em Janeiro. A história igual, o sentimento o mesmo ... eutanásia? Só se a Estrelinha estivesse em real sofrimento. 'Arruma-se' tudo com eutanásia para não ter de se enfrentar a morte. Partiu, também, assim serena, em casa e acompanhada no seu lugar predilecto.
    Um beijinho

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    1. Sim acompanhei a partida da Estrelinha, essa luz da Trumbuctu. Tenho a certeza que partiu tão bem como a minha Pilrita e estão agora noutra dimensão juntas a rirem-se dos dias que passaram conosco. :)

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