Como não poderia deixar
de ser foi no Alentejo que primeiro ouvi falar desta sopa. Esta nasceu ali,
onde os alentejanos tão sabiamente sabem combinar umas ervas do campo, com uns
pedaços de pão, ervas aromáticas e já está, um prato simples de encher a barriga
e lamber os beiços. Só mais tarde, também no Alentejo, na cidade de Évora, é
que provei a primeira versão. No entanto, não foi a sopa de beldroegas “original”,
porque a época não era de beldroegas, e assim acabei comendo com espinafres.
Na Quinta da Vinagreira, muito longe do seu berço natal, é que comi pela
primeira vez “a verdadeira” sopa de beldroegas, feita pelas mãos do meu homem. Nele
residem uns quantos genes alentejanos, o que concede ao prato maior
autenticidade.
As beldroegas foram apanhadas na quinta e nas redondezas. As batatas, produção
cá de casa, e os queijos de cabra, planeados para ser da quinta, comprei-os no
supermercado. Isto porque a Francisca, infelizmente, não nos saiu lá uma grande
cabra leiteira.
Depois de reunídos todos
os ingredientes, foi só passar para a panela e dar andamento à receita.
Sopa beldroegas (4 pessoas)
. 2 molhos de beldroegas
. 1 kg de batatas (pusemos menos)
. 4 cabeças de alho (a meu ver pode substituir por alguns dentes)
. 2 queijos brancos de cabra (usei Queijo de Palhais)
. 4 ovos
. 1,5 de azeite
. Sal
Arranjam-se as beldroegas e escaldam-se. Num tacho fritam-se ligeiramente os alhos e depois juntam-se as beldroegas, refogando ligeiramente. Deita-se água suficiente para a sopa, o queijo, partido em quartos, deixando ferver. Depois juntam-se as batatas cortadas às rodelas grossas. Quando estiverem quase cozidas escalfam-se os ovos. O sal deve ser rectificado, mas os queijos já contribuem bastante para o sal deste prato, pelo que se recomenda alguma parcimónia.
Serve-se esta sopa com pão (de preferência alentejano) às fatias. Separam-se as beldroegas, as batatas, os ovos, o queijo e os alhos numa travessa e serve-se o caldo para regar as sopas. Eu servi tudo junto, e quanto ao queijo, nem vê-lo, derreteu-se completamente, mas o sabor esse ficou lá, inconfunível.
Espero que aproveitem a
época das beldroegas e experimentem esta sopa. Bom Setembro a todos.
Adoro sopas com pão. Vou experimentar esta uma vez que por aqui as beldroegas parecem crescer por todo o lado.
ResponderEliminarFiquei curiosa com a tua próxima expedição à uva-da-serra. Conheço a planta. Já vi o fruto, mas nunca vi em quantidade suficiente para fazer compota. Acho que deves ter descoberto um jardim escondido deste mirtilo açoriano;)Onde será?
Beijinhos.
Patrícia