É Setembro, e a ansiedade começa a crescer-me no corpo. Este é um tipo de excitação que se vai acumulando na alma, como uma maré a encher, prestes a transbordar. É tempo de subir na ilha e ir às amoras e às uvas-da-serra (mirtilos açorianos).
Apesar do tempo inconstante, de aguaceiros imprevistos, lanço-me a mais uma odisseia de recolecção. Telefono a umas quantas amigas que gostam de me acompanhar nesta aventura anual, e com umas confirmações e umas desistências vou formando o grupo das amoras deste ano.
Era Sábado, o tempo estava terrível e inconstante, mas pusemo-nos a caminho. De sacos, impermeáveis, botas de água, preparadas para o que desse e viesse. Chovia e chovia muito. Fomos descendo em direcção aos Biscoitos, mas aí onde a chuva era pouca, as amoras também o eram e regressámos derrotadas e de sacos quase vazios.
Domingo sentei-me a separar a escassa colheita. Lá fora, através da porta, vislumbrava um raio de sol e a ideia de regressar ao topo da ilha em busca desses frutos negros da época ia assumindo novamente grandes proporções, quando o telefone tocou:
- Cecília, já viste o tempo?
- Sim... Antes de atender já sabia que eras tu, para me propores uma nova tentativa
às amoras.
- Agora andas com premonições.
- Agora andas com premonições.
- Ahahaha não é preciso tanto, basta saber que com o bom tempo o grupo das
amoras está pronto para a recolha.
E assim foi, equipadas, novamente, lá fomos em direcção ao “nosso jardim de
frutos silvestres”. As amoras lá estavam, embora menos este ano e mais
combalidas da chuva, mas uvas-da-serra, essas, estavam no seu máximo. Sem
dúvida que este ano é “o ano” dos mirtilos açorianos.
De regresso a casa, um pouco molhada, porque a chuva brindou-nos repetidas vezes, esperam-me os tachos, os açúcares e os pontos, espera-me a alquimia do fogão para transformar os frutos negros em compotas doces para o Inverno frio que se aproxima.
Que tupperware de uva-da serra de fazer inveja. Nunca experimentei, mas acho que vou ter de fazer uma expedição ao interior da ilha até encontrar estes "mirtilos" tão apetitosos.Dás-me uma pista? O tempo é que, como dizes, nessa reportagem magnífica, não está a ajudar nada.
ResponderEliminarUm beijinho
e
Boas compotas!
Patrícia
P.S Depois de ver as imagens acho que hoje vou sonhar com uva-da serra :)
Olá Patrícia,
EliminarEste ano fui à Caldeira Guilherme Moniz. Fiz um caminho de terra batida, para o qual se entra por um portão grande de ferro vermelho, de uma ganadaria.Esta entrada é cerca de uns 850 metros depois de passar a estrada que dá acesso Algra Carvão, ao lado direito. Enfim espero que as coordenadas tenham sido mais ao menos precisas
Vim cá outra vez, sempre na esperança que me desses uma pista. Fiquei mesmo a pensar no raio dos "mirtilos". Primeiro, vou ver se convenço a minha cara-metade a fazer a expedição. Ele gosta de percursos pedestres. Já é um bom princípio. Depois, vou com a esperança de trazer nem que seja uma mãozinha de uva-da serra.
EliminarAgora tenho é de esperar uma aberta neste tempo.
Muito obrigada pelas coordenadas. Penso saber onde fica esse portão.
Não haverá o perigo de sair de lá um touro enraivecido?!
Vou tentar não levar o impermeável vermelho :)
beijinhos
Thanks again.
Patrícia
Gosto tanto de aqui vir espreitar... sinto-me em casa!! :)Obrigada Cecília por este blogue.
ResponderEliminarMuito interessante! Não conhecia esse fruto selvagem, parece ser delicioso. Gosto da aparência :) Eu e o meu marido gostamos de andar a pé, quem sabe ainda nos esbarramos com alguns frutos desses ;)
ResponderEliminarBeijinhos
Sim são muito bons quando convertidos em doces ou geleias, na verdade são uma espécie dos conhecidos mirtilos, estes são mirtilos absolutamente açorianos.Sem dúvida que são uma boa desculpa para uma caminhada a pé.Ainda pode ser que apanhes alguns, mas já ficando tarde para os apanhar.
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