sábado, 29 de dezembro de 2012

O meu sobrinho é vegan ...

“Molha de carne” e “Bacalhau com todos”, é assim que todos os anos a mesa da Ceia de Natal se compõe cá por casa. As tradições misturam-se trazendo um pouco de cada um para o prato. Nesta quadra, a molha é o prato típico da ilha do Pico, e o bacalhau remonta-nos a tradições mais continentais. Misturam-se as terras, os paladares e os genes, e a diversidade faz do nosso pequeno recanto um Universo.
- Cecília, sabes que o Tomás decidiu agora ser vegano. Diz uma das minhas irmãs.



Terríveeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel... Parece gritar o coração de toda gente.
Há na família uma mistura de apreensão e desconfiança, com esta decisão de um dos meus sobrinhos. Por mim fico feliz. Este ano terei oportunidade de trazer para a mesa de Natal uma das minhas invenções vegetarianas. Poder-me-ei desafiar a criar um prato vegetariano para o Natal. É uma nova combinação, um novo elemento que nunca esteve presente antes e, como tudo, o que é novo causa desconfiança, principalmente quando vem de um rapaz com 13 anos... Não estamos habituados a mudar os hábitos por pessoas desta idade, não é suposto alterarem as tradições.
Pode ser efémera a opção, como a maioria é, nestas idades, contudo traz mais diversidade e inevitavelmente o nosso universo expande-se um pouco mais.
“Goulash”... Foi o que nasceu desta inspiração de tia. Este é um prato tipicamente carnívoro, vindo da Hungria. Já o comi na sua versão original e na sua terra natal. Em alguns aspectos assemelha-se à “Molha de carne”, por isso, esta versão vegetariana que descobri, pareceu-me ser o prato perfeito para a mesa de Natal. O seu segredo está na longa e lenta cozedura, associado ao aroma dos seus ingredintes.






A carne foi substituída pelo seitan, e o resto seguiu basicamente o caminho normal. Uma boa dose de paprica e pimentão, um fogão de lenha e um pote de barro. Resultou num prato fortemente aromático que, embora não sendo o preferido dos não veganos (basicamente toda a família menos o sobrinho convertido), foi aprovado e degustado por todos.
 
Ingredientes:
 

- Azeite (4 Colher de sopa)
- 3 cebolas, finamente picadas
- 4 dentes de alho, finamente picados
- 1 Colher de sopa de paprica doce ou colorau
- 6 tomates, finamente picados (eu utilizei de lata, porque nesta época não se encontra bom tomate maduro)
- 1 pimentão-vermelho, assado no forno
- 500g de seitan (pode usar-se soja em cubos ou hamburguers vegetarianos)
- Sal a gosto
- 2 Colher de sopa de tomatada
- 3-4 tomates secos, picados
- 1 Colher de sopa de açucar mascavado
- 1½ copo de água
- Coentros
- ¼ Colher de sobremesa cominhos
- 1 lata de feijão (usei feijão-vermelho)
- 3 folhas de louro
- 4 Colher de sopa de vinho tinto
- 3 Colher de sopa de vinagre balsâmico

 Preparação:
1.         Num tacho anti-aderente, aquecer o azeite. Adicionar as cebolas e deixar refogar por 2 a 3 minutos.
2.         Adicionar o alho e o seitan e, em lume baixo, cozinhar durante 10 minutos, até o seitan estar bem cozinhado.
3.         Polvilhar a paprica e deixar cozinhar, mexendo o seitan até que a parica fique bem incorporada.
4.         Adicionar todas as ervas, com excepção das folhas de louro. Mexer durante 1 minuto, e juntar a tomatada. Misturar e juntar os tomates e tomates secos. Deixar cozer 10 minutos, mexendo de vez em quando para não apegar.

5.         Adicionar o açucar, mexer outra vez, e juntar metade da água. Deixar cozer por mais 10 minutos, juntar a restante água e o resto dos ingredientes, excepto as folhas louro.  Deixar cozer mais 10 minutos.
6.         Transferir a mistura para um pote de barro ou ferro que possa ir ao forno. Juntar os pimentões assados e colocar por cima as folhas de louro. Cobrir com a tampa e vai ao forno pré-aquecido a 180ºC durante 1 hora.
7.         Servir quente. Bon Appétit!

Receita adaptada de http://mouthwateringvegan.com

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Natal

O Natal é fora da Quinta, noutra ilha, noutra casa,  mas que é casa também.

Natal é uma mesa cheia de gente que se ama. São irmãos, sobrinhos, pais,  marido. São os momentos quentes que se passam junto destas pessoas a preparar comida, a fazer decorações cheias de cheiros do campo. É acender o forno de lenha. É rir e sorrir ao ver todos juntos mais um ano. Isto é tudo quanto basta e mais para quê? ...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Pensamentos para partilhar

 
 

Não existe essa coisa de pessoa 'boa' ou 'má'; cada um de nós é capaz de grandes actos de gentiliza e generosidade como somos causadores do mal. O nosso desafio, enquanto humanos em evolução, é maximizar o primeiro e minimizar o segundo. ( Mark Boyle in O homem sem dinheiro) 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Um tesouro na Quinta da Vinagreira



 
- Espreita ali, espreita, espreita. Gritava o meu homem de cima do muro enquanto eu, no curral, tratava das galinhas e das cabras. Espalhei o milho soltando sonoros purPurpur Pur purpurPurpur Pur...
 
Assim que o milho acabou, corri para o outro lado do curral e espreitei para onde o meu homem apontava: um pequeno buraco da parede. Ali, vibrando à luz do sol, deste esplêndido dia de Outono, estava o nosso tesouro. Não uma mão cheia, mas oito ovos das minhas bonitas galinhas. Sorrimos triunfantes. Há quem queira encontrar a galinha dos ovos d’ouro, mas nós, simplórios como somos, queremos mesmo as galinhas dos ovos que se comem. Uma nova era começa na Quinta da Vinagreira.

Tal tesouro  merecia ser degustado na sua plenitude. Inaugurámos esta época de abundância com um pequeno-almoço de ovos escalfados, acompanhados com pão torrado barrado com manteiga de mostarda e pimenta. E... o laranja vivo da gema iluminou a nossa manhã...



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Reencontro com a Tanita Tikaram em noites solitárias


Os novos habitantes da Quinta, os livros, provocaram uma revolução de arrumação. Inevitavelmente fiz recontros e, também, algumas despedidas  com muitos dos objectos que se acumulam no fundo das gavetas nunca mexidas.

Os cds da casa, como tudo o resto, mereceram uma revisitação. Nestes dias a música foi sendo debitada por vozes e toadas perdidas no pó dos armários. Não nos apercebemos, mas no ritmo dos dias acabamos sempre por ouvir e voltar a ouvir as mesmas músicas, enquanto outras teimam em ficar esquecidas. Assim reencontrei a Tanita, apenas em parte. Estava lá a caixa, mas o cd esse tinha partido para parte incerta. A verdade é que me deu uma vontade imensa de deixar a sua voz melancólica e outonal ecoar por estas noites mais geladas da Quinta, onde me encontro só outra vez.

A vontade é assim, um pretexto para fazer acontecer. Pus-me à sua procura na internet e encontrei-a com algumas das minhas canções favoritas. Pedi-lhe uma nota e ela veio comigo até a este cantinho do mundo. 


Então, nesta noite solitária de Novembro, enquanto introduzo inquéritos intermináveis, deixo-me aquecer pela voz da Tanita Tikaram e uma caneca de chá de cidreira & alecrim.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Livros com Sabor

Livros, livros e mais livros. São pilhas deles que se espalham pela sala. Enquanto pintava o quarto a que chamamos, por aqui, de escritório, o meu homem desempacotava, com a felicidade de uma criança, os seus livros. Há para quem os livros sejam a sua própria casa, e assim é para ele.

Já montámos as prateleiras e findas as pinturas começaremos a arrumar os livros. Antes de tudo isso há que comer, e tantas folhas encadernadas inspiraram-me para uma lasanha de soja.

Descobri, num armário da cozinha, um frasco de soja granulada completamente esquecido. Havia já há muito que não cozinhava soja. No início da minha vida de cozinheira vegetariana abusava bastante deste ingrediente. Temos aquela obsessão pela proteína e parece que só a soja nos pode valer para substituir a carne. Com o tempo vamos tornando esta cozinha tão intuitiva como qualquer outra e o mundo dos ingredientes torna-se infinito. Quando damos por nós já nem pensamos na dita proteína e a soja perde-se no fundo dos armários.




















 
 

Assim, a soja, tal como os livros encaixotados à meses, viu finalmente a liberdade e saltou para a lasanha.

Ingredientes:

Recheio

Molho Branco

*  Folhas Lasanha

* 1 ½ Cháv. soja granulada

* ½ Pimentão picado

* 1 Cebola picada

* 2 Tomates maduros

* Tomatada( a gosto)

* 4 Dentes de alho

* 1 Folha de louro

* Paprica

* Vinho branco

* Molho soja (a gosto)

* Azeite

*  Azeite

* Farinha

* Leite

* Pimenta

* Sal

 

 

 

 

 

 

 

 Preparação:
 Tempera-se a soja de véspera com uma espécie de vinha d’alhos (alhos, sal, louro, paprica e vinho branco).
Refoga-se no azeite a cebola, o pimentão e o tomate. Depois adiciona-se a soja temperada e deixa-se refogar um pouco, acrescentado posteriormente o líquido do tempero. Acrescenta-sei um pouco de tomatada e molho de soja, deixando cozinhar por mais uns minutos.
Entretanto prepara-se o molho branco fritando ligeiramente a farinha no azeite, acrescentando depois lentamente o leite. No fim tempera-se com pimenta, sal e o molho do refogado de soja.
Por fim foi só montar às camadas, terminando com uma cobertura de queijo de São Jorge ralado e orégãos. E depois já sabem, é só comer...



 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Bialys and Patas

Hoje acordei e olhei pela janela, aliás como faço todos os dias. Em cima da casa da bomba da água, estava instalada parte da família canina: o Papotamo, a Truma e a Patas. Ali estavam, esperando pacientemente o momento em que eu espreitasse pela janela e desse os bons dias.
 
 

A Patas estava altivamente instalada em cima da Truma. Para além do quadro ser digno de registo, só por si, vocês não sabem o inédito do mesmo. Quando a Patas chegou cá a casa, a Truma não ficou nada bem-disposta. Encarou a sua vinda como uma grande ofensa e passou semanas amuada, fugindo para o seu canto. Claro está, a Patas não ligou nenhuma a este protesto e decidiu, ao entrar na Quinta, que a Truma seria a sua grande amiga. Podem ver quem levou a melhor nesta história.

E como é que a Patas instalada em cima da Truma me levou até aos bialys. Na verdade, não levou, mas as duas histórias marcaram o dia, e mereciam ser contadas.

Descobri a receita dos bialys no meu livro Artisan Bread. Aquelas rodelinhas de massa com recheio no meio cativaram-me e andava há um bom par de dias para experimentar. Ontem à noite preparei a massa, que guardei no frigorífico e hoje ao jantar, depois de um dia no quintal, dediquei-me a fazer uma sopa de couves, acompanhada com bialys quentinhos do forno.


Estes pãezinhos recheados são uma receita tradicional judia da Polónia. Actualmente, penso que é nos EUA que estes são mais consumidos. Trata-se de um pão ligeiramente adocicado, com uma ligeira depressão no centro, recheada com cebola refogada e sementes de papoila. Podem-se acrescentar outros recheios, mas este é o mais típico. Segui a tradição e também inovei um pouco, colocando em alguns bialys queijo de São Jorge e um pouco do meu molho de tomate italiano.... Hmmm marcharam quase todos, deixando-me numa depressão pós-jantar digna de registo.



Ingredientes:

Massa
3 Copos água morna
1 ½ Colher sopa de fermento padeiro
1 Colher sopa sal
1 ½ Colher sopa açúcar
6 Copos de farinha

Recheio

1 Cebola
2 Colheres de sobremesa de sementes de papoila
Sal
Pimenta

Preparação:
A massa faz-se seguindo o processo do pão em cinco minutos que já publiquei aqui no blog. Depois da massa pronta, fazem-se pequenas bolas do tamanho de um pêssego e achatam-se ligeiramente, deixando levedar por 30 minutos. Entretanto refoga-se a cebola, até ficar translúcida e tempera-se no fim com sal e pimenta a gosto e juntam-se as sementes de papoila. Passada a meia hora, faz-se uma pequena depressão no centro de cada bolinha e recheia-se com uma colher de sopa da cebolada (pode-se colocar outros recheios a gosto). O forno é aquecido previamente a 230º e leva-se os bialys a cozer durante 12 minutos. Este é o tempo que diz na receita, mas os meus cozeram durante 20 minutos. Não deve secar muito, mas a massa tem de ficar bem cozida. E depois já sabem, é só comer.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Bio-trocas por uma sopa de abóbora com alecrim




Feira da Bio-trocas (Gequesta). Forte de São Mateus no dia 14 de Outubro (Foto: Augusto Santos)

Acordei tarde e tinha duas horas para conseguir preparar o meu cesto para a feira da Bio-trocas, no forte da Gê-Questa. Nesse escasso período de tempo tinha de conseguir etiquetar os meus frascos com vinagreiras, aguarelas, cola branca e papel de jornal. Depois de uma correria de bricolagem, fui apanhar uns molhos de ervas aromáticas e recolher sementes de “nabo de todo ano”, para compor a cesta que me acompanhou até à feira.

Quando entrei no portão do forte de São Mateus, a feira biológica, que nos acompanhou durante vários meses aos fins de semanas, já lá não estava. Fugiu para o outro lado da ilha, para o recém-inaugurado “Mercado Biológico”. Em contrapartida, uma diversidade maior de gentes, conversas e produtos distribuía-se por pequenas bancas, onde se expunham preciosidades, trazidas de quintas, quintais e cozinhas. Encontrei couves, caiotas, batata-doce, abóboras, ervas aromáticas, curtumes, marmeladas, plantios de várias espécies, artesanato, requeijão, etc..... Enfim, um pouco de tudo, não esquecendo que na sua maioria eram produções biológicas de pequenos quintais que se encontram espalhados de forma anónima pela ilha. Estendi a minha manta, coloquei os meus parcos produtos e comecei a trocar. Toda gente se sentia feliz, circulávamos uns pelos outros, trocando palavras e produtos, deixando-nos aquecer pelo sol, pela conversa amena e pela leve sensação de que o destino, que se traçava nesse dia para mais quatro anos nos Açores, também se construía ali, como uma semente pequenina, pronta a querer vingar.


Feira da Bio-trocas (Gequesta). Forte de São Mateus no dia 14 de Outubro (Foto: Augusto Santos)
De volta a casa a cesta vinha cheia, mas agora com abóboras, caiotas, batatas-doces, uma plantinha de consolda e requeijão. Foi inspiração suficiente para o que seria o jantar desse Domingo. Sopa de abóbora e salsa com infusão de natas de soja com alecrim, e para acompanhar pão torrado com azeite, alho e requeijão....hmm


Esta sopa, fácil e rápida, é uma delícia. Boa para surpreender os vossos amigos com um sabor doce e aromático. Claro que esta também é uma boa opção para nos mimarmos, a nós e à família, principalmente agora que as noites já vão arrefecendo e um caldo quente é sempre um bálsamo para a alma.

Ingredientes:
*  ½  Abóbora pequena
* 3 Batatas médias (pode substituir por mais caiota ou courgete)
* 1 Caiota
* 1 Cebola média
* 1 Pacote de natas de soja
* 1 Raminho de alecrim
* 1 Raminho de salsa
* Azeite
* Sal
*Pimenta-preta
Preparação:
Colocar azeite no fundo do tacho e saltear todos os legumes, começando com a cebola que, depois de ficar translúcida, se junta aos restantes legumes. Acrescentar água e deixar cozer. Reduzir a puré. Temperar com sal e pimenta juntando a salsa picada, deixando ferver mais um pouco. Num tacho pequeno, à parte, aquecer as natas com o alecrim. No final coar as natas para a sopa e depois é só servir e degustar.



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Boas-noites

Boas-noites
Miriabilis jalapa


Chegava o Verão e elas apareciam naquele canto, sempre o mesmo.

Nos fins de tarde, desses dias quentes, depois de uma dose intensa de mar e já com a pele enrugada e os lábios roxos, regressávamos em bando, pela rua acima. Chegados a casa, tirávamos o sal do corpo e comíamos um lanche farto. Findo estas actividades do regresso, lá corria eu, novamente, rua abaixo, até casa do meu avô, onde os meus primos, vindos da Terceira para um Verão no Pico, me esperavam.

As crianças não têm propriamente rituais, há brincadeiras que se fazem, umas mais do que as outras. Com o tempo e com a idade fazemos delas rituais, porque quando as repetimos elas começam a nos ligar a algo precioso... à nossa eterna criança interior.

O ritual hoje, brincadeira de ontem, é feito de boas-noites.


Estavam ali, junto ao muro branco que separava o terreno do meu avô da estrada. E aí, nesse enclave, desabrochavam as boas-noites: brancas, amarelas, cor-de-rosa, matizadas. Flores com os seus pedúnculos em bolinhas, das quais saía um fio quase invisível, que tínhamos de puxar com toda a cautela do mundo para não se romper, como se disso depende-se a vida ou a morte. Após a tarefa cumprida, surgiam, quase por magia, brincos coloridos que prendíamos nas orelhas e fazíamos balouçar com as nossas cabeças alegres e cheias de gargalhadas. Outras eram encaixadas para criar coroas, colares e pulseiras que nos enfeitavam como arco-íris.

 Eram tardes felizes, onde a brincadeira ia terminando à medida que a noite caía e as boas-noites se despediam fechando as suas flores.

Hoje passeava pela Quinta e aqui as boas-noites, como que por um fio de magia, crescem para me ligar a esse passado feliz. Sorri para elas e comecei a colhê-las, primeiro para uns brincos, depois para um colar e mais à frente para uma coroa de flores. Sorri e gargalhei despreocupada, era criança novamente, sentia-me uma princesa no meu reino encantado.
A boas-noites, Miriabilis jalapa, é uma planta introduzida nos Açores para fins ornamentais. Como tantas outras escaparam às mãos dos jardineiros e crescem hoje por aí. É mais fácil de encontrá-las junto às casas e em restos de entulhos, onde a sua ligação ao humano ainda é profunda.

É a Planta da minha terra de hoje, só porque tropecei nela e apeteceu-me ser criança outra vez.

Espécie
Miriabilis jalapa
Nome Comum
Boas-noites
Família
Nyctaginaceae
Naturalidade
Indígena – Endémica dos Açores
Distribuição Açores
Flores
Corvo
Faial
Pico
S.  Jorge
Graciosa
S. Miguel
St. Maria
Colhida em:
Quinta da Vinagreira

domingo, 7 de outubro de 2012

O alimento dos deuses

Se os deuses comessem, certamente o kefir seria um dos seus alimentos.

Este leite coalhado, algo semelhante ao iogurte, que resulta da fermentação do leite pelos grãos de kefir, é um alimento pró biótico. Destrinçando a palavra, biótico quer dizer “vida” e pró quer dizer “a favor”. Ao contrário do antibiótico (anti-vida) que infelizmente é-nos receitado de forma cada vez mais indiscriminada, os pró bióticos são alimentos que contêm um conjunto de microorganismos vivos e quando ingeridos têm um efeito benéfico na flora bacteriana intestinal e, por conseguinte, podem contribuir em muito para a nossa saúde.

Pensa-se que este vem do Norte Cáucaso, onde era utilizado por pastores daquela região. Os grãos de kefir não são, nem mais nem menos, do que uma cidade de organismos vivos. Uma matriz de proteínas e açúcares nos quais vive uma comunidade de bactérias e leveduras em simbiose.


De uma forma geral são passados de mão em mão. É um alimento da partilha. Depois de me ter sido oferecido pela minha amiga Eugénia, eu já o distribuí, ao longo destes meses, por mais uma mão cheia de amigas.






Este feriado, 5 de Outubro, pontuou-se por mais um encontro de kefir. Através de trocas bloguistas acabei conhecendo o rosto de mais um blog terceirense, Foothwithameaning (visitem, vale apena). O kefir serviu de mote para o encontro, ou reencontro, não sei dizer. Foram umas horas de kefir, blogs, comida, compotas e chutneys. Um pouco de tarde bem passada, onde dar significa receber muito mais (obrigada Patrícia).


Eu cá por casa fiz do kefir um dos meus companheiros matinais. E tal como vos havia prometido, hoje trago-o à minha blogosfera.





Podemos consumir o kefir puro, sem mais nada. Embora um pouco ácido (mais que o iogurte natural), eu gosto mesmo assim. Para os mais exigentes com o sabor pode-se transformar em deliciosos batidos. Na maioria dos dias, de forma a ter um pequeno-almoço mais substancial, deixo-me levar pela imaginação e transformo o meu kefir nos mais variados sabores. De uma forma geral, adiciono frutas, alguns verdes, sementes e por vezes especiarias. Todos os dias varia, consoante a inspiração e os ingredientes disponíveis na dispensa e no quintal. O kefir também pode ser utilizado de diversas formas na culinária e a internet está cheia de ideias; queijos, manteigas, pastas, panquecas, etc ...

Contudo, convém sempre lembrar que para se tirar o máximo benefício deste alimento deve-se consumi-lo em cru e não cozinhado.

O bom mesmo é arranjar uns grãos e saber que eles estão ali todos os dias a trabalhar gratuitamente para nós. Torna-se um ritual o mudar o leite, recolher a safra e prepará-la para alimentação saudável de toda a família.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

De manhã é que se começa o dia ...

Acordar não é dos meus melhores momentos do dia. Sim, eu gostaria de despertar com o nascer do sol, mas deu-se o acaso do destino de eu não ser uma dessas pessoas madrugadoras, e ser apenas uma daquelas que sonhava ser.

Contudo, é de manhã que se começa o dia e com ele, sem dúvida, um bom pequeno-almoço. Para que fique claro, não sou uma purista de pequenos-almoços light. Uma versão pantagruélica com a mesa farta, recheada de pães, compotas, queijos, café, sumos e até uns ovos mexidos com bacon deixa-me de olhos em bico e o meu nível de satisfação no mais alto.


Mas também gosto de refeições light e saudáveis. Estas pontuam-me a rotina, enquanto as outras dão o colorido à vida, são as dos dias especiais. Assim, de uma forma geral, e com muitas excepções pelo meio, escolhi dois companheiros para a refeição matinal: os batidos verdes e os batidos de kefir. Hoje falo-vos dos batidos verdes e amanhã virá o kefir.


Os batidos verdes aprendi-os com Avelino. Mestre da agricultura biológica, das ideias inovadoras e um contador de histórias. O poder das folhas, assim ele lhes chama. Convencida pelos seus argumentos imbatíveis de estes serem um shot de saúde, comecei a adicioná-los às minhas refeições ligeiras. Como não tinha, e continuo a não ter, um super copo misturador, ou uma bimby, absolutamente necessário para a versão do Avelino, procurei e encontrei outra receita. Esta de um médico brasileiro que promove a comida crudívora, tem pelo nome leite da terra. Embora um pouco mais trabalhosa, gosto francamente do resultado: um sumo sedoso, adocicado e que escorrega fácil até a ultima gota. Deixo-vos aqui os ingredientes base e um pequeno vídeo onde podem ver passo a passo como se faz.

 
Não se intimidem pelo verde...é bom e faz bem. Experimentem
 
 
Ingredientes:
1 pepino ou 1 courgete
1 maçã
1 cenoura
Folhas verdes (couve, rúcula, agrião, alface, repolho, acelga, etc…) no minímo 3 tipos diferentes,quanto maior a diversidade melhor.
Sementes germinadas (raramente coloco)
Sementes hidratadas de linhaça (ideal hidratar umas 7 horas, durante a noite)

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...