“Molha de carne” e “Bacalhau com todos”, é assim que todos os anos
a mesa da Ceia de Natal se compõe cá por casa. As tradições misturam-se
trazendo um pouco de cada um para o prato. Nesta quadra, a molha é o prato
típico da ilha do Pico, e o bacalhau remonta-nos a tradições mais continentais.
Misturam-se as terras, os paladares e os genes, e a diversidade faz do nosso
pequeno recanto um Universo.
- Cecília, sabes que o Tomás decidiu agora ser vegano. Diz uma das minhas irmãs.
- Cecília, sabes que o Tomás decidiu agora ser vegano. Diz uma das minhas irmãs.
Terríveeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel... Parece gritar o coração de toda gente.
Há na família uma mistura de apreensão e desconfiança, com esta decisão de um
dos meus sobrinhos. Por mim fico feliz. Este ano terei oportunidade de trazer
para a mesa de Natal uma das minhas invenções vegetarianas. Poder-me-ei
desafiar a criar um prato vegetariano para o Natal. É uma nova combinação, um
novo elemento que nunca esteve presente antes e, como tudo, o que é novo causa
desconfiança, principalmente quando vem de um rapaz com 13 anos... Não estamos
habituados a mudar os hábitos por pessoas desta idade, não é suposto alterarem
as tradições.
Pode
ser efémera a opção, como a maioria é, nestas idades, contudo traz mais
diversidade e inevitavelmente o nosso universo expande-se um pouco mais.
“Goulash”... Foi o que nasceu desta inspiração de tia. Este é um
prato tipicamente carnívoro, vindo da Hungria. Já o comi na sua versão original
e na sua terra natal. Em alguns aspectos assemelha-se à “Molha de carne”, por
isso, esta versão vegetariana que descobri, pareceu-me ser o prato perfeito
para a mesa de Natal. O seu segredo está na longa e lenta cozedura, associado
ao aroma dos seus ingredintes.
A carne foi substituída pelo seitan, e o resto seguiu basicamente
o caminho normal. Uma boa dose de paprica e pimentão, um fogão de lenha e um
pote de barro. Resultou num prato fortemente aromático que, embora não sendo o
preferido dos não veganos (basicamente toda a família menos o sobrinho
convertido), foi aprovado e degustado por todos.
Ingredientes:
- Azeite (4 Colher de
sopa)
- 3 cebolas, finamente
picadas
- 4 dentes de alho,
finamente picados
- 1 Colher de sopa de paprica
doce ou colorau
- 6 tomates, finamente
picados (eu utilizei de lata, porque nesta época não se encontra bom tomate
maduro)
- 1 pimentão-vermelho,
assado no forno
- 500g de seitan (pode
usar-se soja em cubos ou hamburguers vegetarianos)
- Sal a gosto
- 2 Colher de sopa de tomatada
- 3-4 tomates secos,
picados
- 1 Colher de sopa de açucar
mascavado
- 1½ copo de água
- Coentros
- ¼ Colher de
sobremesa cominhos
- 1 lata de feijão
(usei feijão-vermelho)
- 3 folhas de louro
- 4 Colher de sopa de vinho
tinto
- 3 Colher de sopa de vinagre
balsâmico
1. Num tacho
anti-aderente, aquecer o azeite. Adicionar as cebolas e deixar refogar por 2 a
3 minutos.
2. Adicionar o
alho e o seitan e, em lume baixo, cozinhar durante 10 minutos, até o seitan
estar bem cozinhado.
3. Polvilhar a
paprica e deixar cozinhar, mexendo o seitan até que a parica fique bem
incorporada.
4. Adicionar
todas as ervas, com excepção das folhas de louro. Mexer durante 1 minuto, e
juntar a tomatada. Misturar e juntar os tomates e tomates secos. Deixar cozer
10 minutos, mexendo de vez em quando para não apegar.
5. Adicionar o
açucar, mexer outra vez, e juntar metade da água. Deixar cozer por mais 10
minutos, juntar a restante água e o resto dos ingredientes, excepto as folhas
louro. Deixar cozer mais 10 minutos.
6. Transferir a
mistura para um pote de barro ou ferro que possa ir ao forno. Juntar os pimentões
assados e colocar por cima as folhas de louro. Cobrir com a tampa e vai ao
forno pré-aquecido a 180ºC durante 1 hora.
7. Servir
quente. Bon Appétit!
Receita
adaptada de http://mouthwateringvegan.com
Parece-me mesmo bem este prato. Todos os ingredientes devem ter produzido uma refeição bem aromática.Agora, o que é cero é que nunca conseguimos agradar a todos, mas isto acontece em tudo na vida. Pelo menos tu e o Tomás saíram da mesa regalados.
ResponderEliminarQue as festas continuem a ser passadas no quentinho.
Um abraço.