sábado, 2 de março de 2013
Bolo alfarroma para animar a alma
A quinta acordou triste.
Dos dez pintos que nasceram, só restam dois. A saga de uma semana de luta com um predador invisível, e a minha prepotência humana, de quem acha que é mais esperto do que o resto dos animais, resultou na carnificina. Numa destas manhãs ao abrir a casa onde os guardo, deparei-me com 2 pintos em pânico. Um em equilíbrio em cima da mãe e o outro tentando se esconder debaixo dela. O resto nem conto, porque o espectáculo era devastador.
Não sabemos quem foi: ratazana, furão ou doninha. Mas foi implacável e deixou a mensagem clara. Por isso mesmo, confesso, reduzo-me à minha insignificância e a partir desse dia, todas as noites a minha Cândida e os seus dois rebentos dormem em casa.
Agora começa uma luta filosófica. Aplicamos a lei de Talião, dente por dente, olho por olho? ou compreendemos que cada um cumpre o papel da sua natureza da melhor maneira que sabe?. O meu homem diz: este bicho não tem direito a viver, não há perdões. Eu, por outro lado, tropeço nas vontades, fico entre a espada e parede. A natureza contemplativa, que tanto gostamos de imaginar, é por vezes dura e cruel. Ou talvez não seja, a morte e a vida cumprem simplesmente o seu ciclo natural e a nossa visão é que apenas vislumbra um horizonte limitado.
O que eu preciso mesmo é adoçar este amargo da alma. É preto, numa espécie de luto, e é doce, para comemorar a alegria que mesmo a curta vida dos meus pintos me trouxe. Chama-se bolo de alfarroba, uma espécie de brownies que conjugam muito bem com uma bola de gelado, mas como não a tinha, marcharam mesmo assim.
Receita
150 ml óleo ou manteiga
75 g de farinha de alfarroba
3 ovos
180 g de açúcar mascavado claro
Uma pitada de sal
½ colher de chá de essência de baunilha
65 g de farinha de trigo
½ colher de chá de fermento químico
Pré-aquecer o forno a 180º C.
Untar com manteiga e polvilhar levemente com farinha uma forma com cerca de 18 x 20 cm.
Misturar bem o óleo com a farinha de alfarroba.
Noutra taça, bater os ovos com o açúcar, o sal e a baunilha até que fiquem leves e espumosos.
Adicionar a mistura de alfarroba e continuar a bater até que esteja uma massa homogénea.
Juntar a farinha peneirada com o fermento e bater levemente, apenas até misturar todos os ingredientes.
Verter a massa na forma e cozer durante cerca de 25 minutos ou até que esteja cozido e tenha o centro ligeiramente húmido.
Retirar do forno e deixar arrefecer durante cerca de 5 minutos antes de desenformar.
Adaptado de : http://www.flagrantedelicia.com
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Venho aqui e a única coisa que me animou mesmo foi o bolo. Que história triste; a fazer lembrar a minha desventura com a ninhada de patos. Acredita que não foi mau agouro da minha parte. A natureza rege-se pela lei do mais forte ou pela lei da sorte. Nem sei. Mas tentem apanhar o bandido!
ResponderEliminarQuanto ao bolo, como adoro o sabor da alfarroba é mesmo do meu agrado. A foto está muito apetitosa.
Um beijinho.
Patrícia
Olá Silvia! Tenho acompanhado o teu blog, já conseguis-te descobrir que animal fez isso aos teus pintainhos?
ResponderEliminarbjs
Dora Garcia
Olá Dora,
EliminarObrigado por acompanhares o blog. Não que tenha alguma importância, mas chamo-me Cecília, é de facto quase Sílvia :).
Quanto ao predador...nada..ainda montei uma armadilha de apanhar ratazanas vivas, mas nada caíu lá. Talvez seja melhor, pois se apanhasse ficaria no dilema do que fazer, e acho que não gostaria da decisão que teria de tomar.
Cecília! Desculpa-me, um lapso de facto desnecessário, mas pronto, da próxima vez que tiveres pintainhos tenta metê-los dentro de um caixote de madeira com rede por cima, assim coitadinhos ficam presos mas protegidos... Era assim que via fazerem antigamente. Beijinhos linda e continua a blogar! ;)
EliminarObrigado pelo conselho Dora,
EliminarSem dúvida que farei isso. Aliás já estou fazendo com umas codornizes que chegaram à poucos dias à quinta.
Boa semana