O meu Mandala da parede da sala |
Houve um dia, contudo, em que acordamos, como quem acorda de
um sonho, e a nossa vida redonda desaparecera. O mundo era um quadrado, formado
por linhas rectas que não nos levavam a lado nenhum, porque só havía um
princípio e um fim e nada que ligasse os dois. Nascía-se e morría-se, e depois
disso era um lapso de vazio. Tudo deixou de ter retorno, tudo ficou disconexo.
Acho que os Mandalas surgiram na minha vida no momento que a
minha alma já gritava por essa forma circular de pensar e viver, mas a minha
consciência ainda não sabia disso.
Comecei a desenhá-los
através da minha amiga Janete que me explicou o seu sentido (para não me perder,
ver explicação no blog Colher de Mãe a esse respeito) e depois abandonou-me com
um folha branca, um molhe de lápis de cor e com as palavras: desenha o teu Mandala.
É difícil para quem
tem uma desrelação com os lápis, de repente, ter de desenhar o seu Mandala. A
medo dei esse primeiro passo difícil, e no meio da folha desenhei um centro. Quando
dei por mim novas camadas sucessivas de ciclos perfeitos iam surgindo, umas
atrás das outras, cada uma diferente, numa explosão de criação que parecia
impossível ser minha, até chegar ao ponto em que senti : este é o meu Mandala.
E inevitavelmente era lindo, não havia como
não o ser, porque nele estava contido o princípio básico da criação.
Esta fotografia é de um dos meus mandalas. Para este ganhei
coragem e do papel branco passei para uma tela e pintei-o para o colocar numa
das paredes da minha sala, na casa da Quinta da Vinagreira... é lindo, e é-o
porque é inteiramente meu. Demorei a terminá-lo, mas agora está pendurado onde
todos os que me visitam possam vê-lo. Os mandalas são assim, pedem a partilha.
Para os que lerem
hoje esta nota, desafio-vos a um papel branco, um molhe de lápis de cor e a arriscarem
o vosso Mandala, arrisquem, por uns breves instantes, a pensar em círculo .