Hoje não é dia da liberdade, ontem foi. Repensando, talvez hoje também seja, pois tendo havido um 25 de Abril na nossa história, todos os dias passaram a ser dias de liberdade.
As pessoas não se reconhecem nesse direito, supostamente adquirido. Não sabem que tem a liberdade de ser. Sim, podemos culpar o mau estado do país e o governo ditador que nos saiu na rifa, mas parece-me que o mal é mais fundo e já criou raízes firmes.
Aprendemos a dizer- sim senhor - a tudo que a vida nos impõe. E vai-se a ver, chegamos a um ponto, onde não resta nada do original, escondeu-se tudo por baixo de camadas sobrepostas de aprendizagem. Perdemos a noção do que somos e confundimo-nos com o que nos disseram que eramos...e neste estado haverá alguma liberdade possível? Hmmmmm
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Bouquet agriões da Biotrocas |
Após estas reflexões pseudo-políticas, pouco habituais no meu discurso, a minha história resume-se basicamente a isto: hoje foi efetivamente dia da liberdade na Gê-questa. Depois de uma longa hibernação, organizou-se o primeiro
Bio-trocas de 2014.
Se há lugar para expressar a nossa liberdade, é ali. Não há dinheiro, troca-se tudo, e também não há valor. Basicamente toda gente quer dar o que tem: os plantios que semearam, os bolos que cozinharam, os frutos que colheram ... acreditem em mim, é absolutamente maravilhoso. Ninguém sai de lá a sentir que foi roubado, que fez má troca, que fez mau negócio ... o lucro é garantido, porque ali partilha-se e basta.
A Quinta da Vinagreira fez um montão de trocas e veio cheia de tesouros para casa: plantios alface, pepino, tomate, beringela, manjericão, agrião, calêndulas e cebolinho. Ainda carregamos um saco de limões da terra, enorme. Um saco cavalinha pronta para fazer chá em prol da salvação dos tomateiros e batatas do malvado míldeo. Duas anonas, uma já marchou, e por sinal Luís, apesar do receio de a trocares porque estava lascada, digo-te: era deliciosa.
Os Mufins da Graça sem ovos, marcharam logo lá, no o meu pequeno almoço, deliciosos.
Ah e os nabos mostarda do Victor...fiquei apaixonada. Mal chegamos a casa saltei-os à moda do Zé (é meu cunhado e salteia legumes à sua moda Timorense, que são um mimo) e ficaram deliciosos. Victor quero umas sementes destes nabos.
Para acabar em grande deixo-vos o almoço - o estufado de seitan. Pois o seitan foi uma das minhas moedas de troca na feira e chegada a casa foi a moeda de troca do almoço. Aqui fica para queira experimentar. Já agora acompanhei com nabos mostarda salteados e, se forem como eu, não se arrependerão.
Estufado de Seitan Ingredientes
- Seitan
- 1 ceboula
- 4 batatas médias
- 1 talo aipo
- Salsa a gosto
- Tomatada
- Pimenta preta
- Massa de malagueta
- Louro
- Vinho
- Sal a gosto
Preparação
1. Refoga-se a cebola até ficar translucida, coloca-se a folha de louro
2. Adiciona-se o seitan aos bocadinhos e refoga mais um pouco
3. Junta-se as batatas cortadas às rodelas e refoga mais um pouco
4. Adiciona-se a tomatada, vinho, pimenta, massa de malagueta, o talo de aipo cortado, vinho e água. Deixa-se apurar até a batata cozer. Durante a cozedura vá retificando a água para ficar com molho.
5. No final, junte a salsa picada e retifique o sal e, Voilá....