Final do Verão, aproximando-se Setembro, começa um tempo tropeção, com chuvadas graúdas, aragens frescas e mares mais agrestes. Vai-se tornar escassa a fartura do Verão e a ideia que o ano não é feito só de dias de sol começa a tomar espessura no espírito. È por isso a altura ideal, de tal como as formigas, armazenar para o longo e sempre difícil Inverno.
È o tempo das uvas, dos figos, das amoras, das uvas-da-serra...sim é esse tempo adorável das compotas, mas também dos pickles (curtumes). È altura de enfrascar, se me permitem o termo.
Adoro este acto de armazenagem. Primeiro é claro porque ele é sempre antecedido pela recolha, e a recolha implica campo, ar livre e passeios. Adoro pegar no meu saco e ir por essas canadas recolhendo os frutos que o Verão ainda oferece.
Tenho o verdadeiro espírito do recolector e por isso talvez o mês de Setembro é o meu mês favorito por excelência.
Este ano comecei as minhas artes recolectoras ainda antes deste mágico mês. Era ainda Julho e já andava eu a deambular em busca de qualquer coisinha para apanhar. Andava pelas rochas do Pico a apanhar perrexil, pelos campos da ilha em busca de oregãos e poejo. Enfim, consegui um bom molhe de oregãos, bons para o Inverno, e 17 frascos de curtume.
Um dos meus frasco coloridos de curtume |
Este ano não podia falhar o curtume. Tenho sempre na memória os grandes frascos de vidro grosso que a minha mãe enchia de perrexil, tomates verdes e cebolas e que nos alimentavam o Inverno inteiro. Este ano em casa dos pais, com o quintal da minha mãe e a sua orgulhosa cultura orgânica, haviam os ingredientes todos, só faltava mesmo um bom molhe de perrexil da beira costa. E assim foi que entre passeios de saco na mão colhemos o sufiente para esta bela quantia de frascos coloridos que decoram agora o topo do meu frigorífico.
Embora mais uma partida se avizinhe espero na chegada ainda encontrar umas amoras e que os meus figos se resolvam a amadorecer. Quero encher a casa de frascos, frasquinhos e frasquetes cheios de Verão ...